Ao longo da História, as preferências e os critérios para considerar uma organização como excelente para trabalhar têm-se alterado. Há muito que o “casamento” para toda a vida, entre organização e quem procura emprego, deixou de ser um critério. Na realidade, essa possibilidade é até vista como um não-critério, pelo menos para a grande maioria dos candidatos. No entanto, a segurança que a organização oferece enquanto empregador continua a estar entre os três principais critérios de escolha.

A minha experiência como facilitadora de mudança, que por si só seria enviesada porque quem me procura, habitualmente, quer mudança, é corroborada pelos estudos, tendências que levam a que as organizações coloquem também o seu foco na retenção e desenvolvimento de talentos.

Desde há vários anos, a Mercer conduz o estudo Global Talent Trends, e na versão de 2019 é notório o reforço da necessidade de repensar os recursos humanos, não só para dar resposta às preferências das pessoas, mas também para acomodar a evolução tecnológica.

A maioria dos executivos, de acordo com o estudo da Mercer, espera que um em cada cinco postos de trabalho seja substituído por inteligência artificial ou por automação, sendo também calculado pelo World Economic Forum que 58 milhões de novos postos de trabalho relacionados com a automação e a inteligência artificial serão criados até 2022.

Neste ponto de viragem, é crítico para o sucesso das organizações manterem-se competitivas, o que valida a necessidade de automação e/ou de inteligência artificial. Por outro lado, é necessário que os talentos sejam mantidos e desenvolvidos, para que prosperem, pois é esta força criativa e inovadora que trará a componente diferenciadora que garantirá a permanência das empresas no mercado.

Coloca-se então a questão: Como reter e desenvolver talentos? O que procuram os novos candidatos?

A chave que abre esta porta é a cultura organizacional. Uma cultura focada em valores e que se centra objetivamente nas pessoas.
Por um lado, e a nível da relação da empresa com o mundo, é através da visão da organização, do seu impacto no mundo e da forma como isto é percebido pelas pessoas, que o talento ou candidato estabelece a identificação com o projeto da organização. Esta tendência crescente implica ajustes à forma como o negócio é desenvolvido, como as suas pessoas são valorizadas, estimuladas e inspiradas neste processo de desenvolvimento e na forma como o mesmo é comunicado e percebido.

Na outra face da moeda temos a relação da organização com as pessoas, internamente, e a forma como as relações se estabelecem. Lideranças cada vez mais orgânicas e de valorização das pessoas são o solo onde germinará mais criatividade, mais bem estar, e é com o desenvolvimento dessas características que surge a preferência dos talentos por ficar.

O casamento pacífico, orgânico, flexível entre Inteligência Artificial e Inteligência Viva, sendo esta última a que emerge nas pessoas quando há bem estar, ligação, segurança, propósito e experiência, permitirá às organizações permanecerem e desenvolverem-se num mundo em constante e acelerada mudança.

A receita é simples: adaptação tecnológica e valorização das pessoas, desenvolvimento de relações e de vínculos entre elas. O processo, para que o cozinhado saia bem, requer investimento na cultura organizacional, e esta receita é válida transversalmente para todos os setores de atividade.

A valorização das pessoas, a criação de relação e do sentido de propósito oferecido pelo alinhamento entre organização e contributo para o presente e para o futuro são a inspiração que as pessoas procuram na identificação que esperam sentir entre si próprias e o sítio onde trabalham.

É simples? É! Fácil? Digamos que é desafiante, principalmente para as organizações que ainda não integram a mudança como uma característica a integrar e que se deixam guiar pelo “sempre fizemos assim”.

Nesta nova dinâmica, não basta parecer, é preciso ser. É preciso que, desde o momento zero em que novas pessoas são integradas, os valores que dão corpo à cultura organizacional e o sentido de propósito da mesma estejam refletidos em todas as ações, é necessário que seja claro onde estão, quem são e para onde querem ir e como se relacionam e valorizam para fazer essa magia acontecer.

A liderança inspiradora, orgânica, que valoriza e se foca também no desenvolvimento de talentos passa a ser a nova linguagem que influencia positivamente a direção e a mobilização das equipas e modela de forma dinâmica a cultura organizacional.

O foco no bem estar, no autoconhecimento, como forma de cada um se relacionar consigo e com os outros, como forma de trazer criatividade e felicidade às pessoas na organização, são inspiradoras e entregam novas possibilidades focadas no resultado presente e na sua projeção para o futuro enquanto chão para novo resultado. Esta possibilidade é inspiradora e cria o ambiente favorável para que cada pessoa assuma também a responsabilidade pelo desenvolvimento da própria carreira.

É o desenvolvimento de uma cultura de confiança, de verdade, de flexibilidade de acomodação da mudança e da diversidade, que permita a vinculação saudável das pessoas, que é essencial para as organizações que querem existir e prosperar hoje, e isso só pode acontecer porque as pessoas são e sentem-se valorizadas e por isso sentem-se bem. E ao fim ao cabo o que todos queremos é sentirmo-nos bem, não é?

#felicidade #criatividade #alegria #resultados #foconoessencial #coaching #lifecoaching #encontrarocaminho #pnl #lifeseeds #mariajosepita #serfeliz #parentalidadeconsciente #desenvolvimentopessoal #mudança #foco

2019-10-23T10:40:00+00:00